A esposa internada no hospital com problemas que nenhum médico descobria. Amigos visitando-a na unidade de terapia intensiva toda hora. Após as nove da noite termina o horário de visitas, se depara com uma senhora, amiga solteirona de longa data, educadamente lhe oferece uma carona.
Conversam sobre o caso e os mistérios da doença enquanto atravessam o charmoso bairro do Tatuapé, passam sobre a ponte estaiada. Chegam ao destino, educadamente ela lhe convida para subir e tomar um café. Percebe um olhar a mais, algo anormal para apenas um inocente cafezinho.
Resolve pagar para ver, sobe com ela por três longos andares de escadas, prédio sem elevador é uma desgraça. Chega ofegante, quando a porta é aberta dá de cara com um cachorrinho branquelo. O bichinho percebe sua presença, reage ficando enciumado mostrando cara de poucos amigos. Rosna, late e faz tudo que pode para chamar a atenção. A dona esquece momentaneamente a visita e se dedica a mimar o malandrinho. Carente e sem ninguém um animal de estimação compensa a solidão. Típico de mulher encalhada.
--- Não é lindo o Floquinho? Pergunta ela toda carinhosa.
--- Claro que é. Responde ele meio sem jeito, odiava cachorros.
Tentavam engatar uma conversa, toda hora a porra do Floquinho vinha carinhoso querendo um chamego e sempre conseguia.
O centro das atenções sempre fora ele. Aparece um Zé Mané para tomar seu lugar, nunca imaginou tamanha traição. Ele que fora carinhoso e dera tudo de si. Se pudesse dava uma mordida naquele intruso.
O café vira uma cerveja gelada, depois de algumas nem o Pet incomodava. O álcool faz o clima ficar descontraído, risadas soltas ao vento. Quando percebem estão se beijando e a mão boba já corria pelos dois corpos. Inevitável foi a ida ao quarto, o corpo dela já desgastado por muitos carnavais não é dos mais excitantes. Fraca de preliminares teve que fazer um esforço hercúleo para se excitar.
Para piorar quando olha de soslaio percebe o filho da puta encarando-o na porta. Resolve irritá-lo e faz todo o tipo de carinho na dona. Transam no ritmo lento, ela geme baixo, quase muda soltando um ar quente pela boca. Ele solta palavras de sacanagem para excitá-la.
O cão está em alerta máximo, trocado por um qualquer sente-se humilhado. Faz de tudo para quebrar o clima, anda debaixo da cama e morde onde pode, seu tamanho não o permite subir. Sente os dois dormindo juntos e abraçados. Bem no lado onde dormia com sua amada. Nunca se viu um cachorro tão irritado.
De manhã após o café ela entra para o banho. Resolve se vingar do leitoso depois tanta encheção de saco. Após duas latidas encarando-o o quatro patas comete um erro fatal. Uma presa nunca dá as costas ao predador. Toma um chute no traseiro que o faz voar por quase um metro. O branquelo não tem asas e não fala, sai todo choroso e sem ninguém para pedir ajuda. Senta-se calado no seu canto e aprende quem é o macho alfa da casa.
Ali Hassan Ayache

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