LEGIÃO URBANA. CRÔNICA DE UMA APRESENTAÇÃO.

   


   Sábado monótono, parecia que seria mais uma noite daquelas que eles ficariam conversando bobagens. Um contando mentiras para o outro até se cansarem e subirem para os apartamentos. Até que aparece o Sobrenatural de Almeida e muda a história.
   Um colega de sala de aula aparece junto com o irmão maior de idade em uma pick up detonada. Detonada porra nenhuma! Era a melhor do mundo no momento. Todos sobem na caçamba enferrujada sem reclamar e saber para onde ir. Qualquer coisa era lucro para a turma que não tinha carro. 
   Encostam em uma danceteria, Radar Tantã no bairro do Bom Retiro, conhecida pelas apresentações de Rock. Uma antiga fábrica com tijolos e vigas de ferro aparecendo. Descem empolgados, querem entrar e perguntam quanto é a dolorosa e quem vai se apresentar na noite. 
   O preço é proibitivo, um ajuda aqui e outro empresta ali e todos entram. Quando ouvem que um tal de Legião Urbana de Brasília vai se apresentar a cara de decepção contamina a galera. Nunca tinham ouvido falar deles, alguns tinham ouvido "Será", um sucesso nas rádios, e nada mais. 
   Ruim com eles, pior sem eles. Decidem entrar, dançam os sucessos roqueiros do momento até que começa o Show. O quarteto de Brasília desfila músicas desconhecidas que depois viriam a ser os hinos da galera. "Química" e "Geração Coca-cola" são algumas delas. "Será" era a mais conhecida e é acompanhada com entusiasmo. 
   No meio da apresentação explode uma briga na plateia, Renato Russo puxo o coro:
--- Parem de brigar, parem de brigar, parem de brigar.
   Milagrosamente tudo se acalma e a apresentação segue com sucessos como "Soldados, "A Dança" e "Por Enquanto". 
   Nunca imaginavam que aquela banda que desprezaram seria o retrato de uma geração. Sucessos bombásticos e apresentações em estádios e ginásios transformaram a Legião Urbana na cara dos anos 80. 
Ali Hassan Ayache

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