Da 23 de Maio entrou na Rua Tutóia com seu chevette, deixou o carro com o manobrista, tempos bons quando esse serviço não era pago. Pegou a comanda, viu os amigos de sempre com a casa enchendo aos poucos. O que parecia ser mais uma noite na balada transformou-se em um acontecimento inesquecível. A música soava alta, as conversas ao pé do ouvido rolavam por todo lado. Nota uma garota linda na pista na abertura da balada.
Ao som de Dancing Queen do Abba em uma versão acelerada encosta perto dela agitando seu corpo e mexendo o esqueleto com entusiasmo. Ela corresponde da mesma maneira, emite diversos sinais que está interessada. Passa a mão no cabelo, sorri com descrição e seus olhares se cruzam em diversos momentos.
A praxe era puxar conversa e depois tentar algo mais, a noite não teve nada de comum. Aparece um tal de Sobrenatural de Almeida, aquele que segundo o dramaturgo Nelson Rodrigues vira o jogo aos 45 do segundo tempo.
Sem imaginar e entender o que acontece os olhares se cruzam com intensidade. Ah como são legais esses poucos segundos que dizem muito. Um atraía o outro, chamada sedutora e rápida como uma lança. Nem perceberam e já estavam se beijando.
O encaixe das bocas era perfeito, no meio da pista não se largavam. Sem trocar uma palavra estavam em um clima de êxtase total. Os amigos de ambos ficaram perplexos e surpresos, não era comum um acontecimento desses na época.
Passaram o restante da noite aos beijos, incansáveis e com vontade de quero mais. O tempo voa nesses momentos, horas passaram rápido e quando perceberam funcionários já passavam o rodo com as cadeiras levantadas. Terminou como começou, de repente ela some sem se despedir.
Frequentou o lugar diversas vezes e nunca mais a encontrou. Vontade de revê-a era enorme, ficou com a maravilhosa noite em sua memória. A vida é feita de lembranças.
Ali Hassan Ayache

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